Kafunsho, “festival” de primavera (*)
Em certas épocas do ano parece que metade da população no Japão está usando aquelas mascarazinhas brancas, fazendo com que muitos brasileiros pensem estar dentro de um enorme hospital. Especialmente nessa época, início de primavera, muitas pessoas usam máscaras para evitarem alergias por inalarem pólen de cedro, árvore muito comum por aqui.
Os japoneses são tão suscetíveis a esse tipo de alergia que, num escritório de uma empresa média, não é raro assistir a um verdadeiro festival de espirros, coriza descendo pelo nariz e olhos avermelhados lacrimejantes.Na televisão e nos jornais, muitos médicos nos dizem como prevenir e tratar tais sintomas mas, no entanto, não existe nenhum método satisfàtório para prevenir e tratar completamente este tipo de alergia, chamada aqui de kafunsho.
Assim que chega a primavera e os cedros iniciam a produção de pólen, a maioria dos japoneses não tem como escapar de uma de um visitinha ao médico que irá entupir-lhes de pozinhos e comprimidos para aliviar os sintomas até a estação terminar por volta do fim do mês de abril.Esse é um grande problema para os japoneses e para o governo. Calculo que um em cada grupo de cinco japoneses sofre de alergia oriunda do pólen de cedro por mais de dois meses. Isto significa uma quantia e enorme de dinheiro gasta pelo Seguro de Saúde Nacional (o equivalente ao nosso INSS).
Na minha opinião, o povo deveria protestar junto ao governo para enfrentar melhor esse problema. Afinal, trata-se de um tipo de poluição do ar.Naturalmente que as árvores são úteis na nossa vida, e seria impossível um pedido para que se corte todas as árvores de cedro de uma só vez. Mas algumas soluções devem ser encontradas o mais breve possível. Por exemplo, novas espécies de árvores que não causem alergias deveriam ser desenvolvidas.
Lembro-me de ter lido a respeito de um estudo no qual se usava certos químicos que regulavam o crescimento de plantas com o objetivo de inibir o florescimento dos cedros e sua conseqüente emissão de pólen. Outro estudo nos diz que os raios ultravioleta são úteis para inibir os sintomas de alergias provocadas por pólen de cedros. Espero que possam ser práticos no futuro próximo.Os japoneses são sempre muito pacientes. Mas acho que contrair alergia através de pólen de flores não deveria ser considerado um “festival de primavera”.
(*) Crônica de Levi F. Araújo publicada originalmente na coluna Nipponderando do jornal Nova Visão do dia 05 de abril de 1998.
Em certas épocas do ano parece que metade da população no Japão está usando aquelas mascarazinhas brancas, fazendo com que muitos brasileiros pensem estar dentro de um enorme hospital. Especialmente nessa época, início de primavera, muitas pessoas usam máscaras para evitarem alergias por inalarem pólen de cedro, árvore muito comum por aqui.
Os japoneses são tão suscetíveis a esse tipo de alergia que, num escritório de uma empresa média, não é raro assistir a um verdadeiro festival de espirros, coriza descendo pelo nariz e olhos avermelhados lacrimejantes.Na televisão e nos jornais, muitos médicos nos dizem como prevenir e tratar tais sintomas mas, no entanto, não existe nenhum método satisfàtório para prevenir e tratar completamente este tipo de alergia, chamada aqui de kafunsho.
Assim que chega a primavera e os cedros iniciam a produção de pólen, a maioria dos japoneses não tem como escapar de uma de um visitinha ao médico que irá entupir-lhes de pozinhos e comprimidos para aliviar os sintomas até a estação terminar por volta do fim do mês de abril.Esse é um grande problema para os japoneses e para o governo. Calculo que um em cada grupo de cinco japoneses sofre de alergia oriunda do pólen de cedro por mais de dois meses. Isto significa uma quantia e enorme de dinheiro gasta pelo Seguro de Saúde Nacional (o equivalente ao nosso INSS).
Na minha opinião, o povo deveria protestar junto ao governo para enfrentar melhor esse problema. Afinal, trata-se de um tipo de poluição do ar.Naturalmente que as árvores são úteis na nossa vida, e seria impossível um pedido para que se corte todas as árvores de cedro de uma só vez. Mas algumas soluções devem ser encontradas o mais breve possível. Por exemplo, novas espécies de árvores que não causem alergias deveriam ser desenvolvidas.
Lembro-me de ter lido a respeito de um estudo no qual se usava certos químicos que regulavam o crescimento de plantas com o objetivo de inibir o florescimento dos cedros e sua conseqüente emissão de pólen. Outro estudo nos diz que os raios ultravioleta são úteis para inibir os sintomas de alergias provocadas por pólen de cedros. Espero que possam ser práticos no futuro próximo.Os japoneses são sempre muito pacientes. Mas acho que contrair alergia através de pólen de flores não deveria ser considerado um “festival de primavera”.
(*) Crônica de Levi F. Araújo publicada originalmente na coluna Nipponderando do jornal Nova Visão do dia 05 de abril de 1998.
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