Rituais femininos de conquista (*)
Nas cidades japonesas, onde há concentração de brasileiros, não é difícil distinguir, pela indumentária, uma mulher brasileira de uma japonesa, enquanto se caminha pelas ruas. Quase todas as mulheres brasileiras - jovens ou não - estão usando deselegantemente o famigerado trinômio jeans-tênis-camiseta.
Ao contrário da maioria das brasileiras, as japonesas estão, salvo exceções, sempre bem vestidas, com esmero e estilo, mesmo em dias de semana e nas horas de maior movimento nas ruas. É uma visão agradável que contrasta nitidamente com a forma um tanto uniforme e esportiva pela qual as brasileiras se vestem.
De uma forma geral, as japonesas não têm muitas ocasiões para se vestirem bem. Ao que me consta, casamentos e funerais são os dois únicos acontecimentos que propiciam o mulherio se "produzir". Como aqui não existe aquele costume de convidar e ser convidado para jantar ou almoçar na casa de amigos, não há muita chance de usar roupas elegantes. Existem, claro, as festas do tipo bonnenkai e shinenkai. Mas como essas acontecem logo depois de expediente do trabalho, não há oportunidade de se trocar de roupa.
As mulheres japonesas compram um montão de roupas elegantes. E elas se vestem para ir trabalhar da mesma forma que uma brasileira veste uma “domingueira" para ir a uma festa ou jantar formal. Assim, o trabalho de escritório provê a oportunidade para as mulheres japonesas se enfeitarem. Diferente das brasileiras, que vão trabalhar de jeans, mesmo no Brasil.Enquanto no Japão a mulherada calça sapatos altos para ir trabalhar e troca os sapatos por confortáveis chinelos ao chegar no escritório, as brasileiras fazem exatamente o contrário: calçam tênis para ir trabalhar e os trocam por sapatos mais elegantes no local de trabalho. As mulheres japonesas talvez imaginam que as chances de fisgar alguém durante o percurso até o trabalho são maiores que no escritório.
Mas já ouvi dizer que as japonesas se vestem bem para impressionar outras mulheres, e não homens. Isto também é diferente das brasileiras, que se vestem bem para atrair o sexo oposto. Mesmo que elas não estejam "no mercado" à procura de um namorado ou marido.
O auto-embelezamento tupiniquim - tanto o masculino como o feminino - é uma face dos intrínsecos rituais sociais e de conquista no campo amoroso. Nesta área, o Japão perde feio para o Brasil ou outros países, a julgar pelo número ainda grande de omiai - os casamentos arranjados - que ainda acontecem mesmo nos dias de hoje.
Assim, vestir-se elegantemente aqui não parece ter o propósito único de atrair o sexo oposto, mas sim o de mostrar status, condição social ou profissional. Para tal propósito, fazem uso de roupas e itens de marcas famosas que podem ser facilmente avaliados devido ao seu valor monetário. Porém, posso estar errado. Na natureza, por exemplo, a maioria dos insetos, aves e animais exibem cores vibrantes para atrair o seu par. E os seres humanos, afinal de contas, são parte da natureza.
(*) Crônica de Levi F. Araújo publicada na coluna Nipponderando do jornal Nova Visão do Japão
Nas cidades japonesas, onde há concentração de brasileiros, não é difícil distinguir, pela indumentária, uma mulher brasileira de uma japonesa, enquanto se caminha pelas ruas. Quase todas as mulheres brasileiras - jovens ou não - estão usando deselegantemente o famigerado trinômio jeans-tênis-camiseta.
Ao contrário da maioria das brasileiras, as japonesas estão, salvo exceções, sempre bem vestidas, com esmero e estilo, mesmo em dias de semana e nas horas de maior movimento nas ruas. É uma visão agradável que contrasta nitidamente com a forma um tanto uniforme e esportiva pela qual as brasileiras se vestem.
De uma forma geral, as japonesas não têm muitas ocasiões para se vestirem bem. Ao que me consta, casamentos e funerais são os dois únicos acontecimentos que propiciam o mulherio se "produzir". Como aqui não existe aquele costume de convidar e ser convidado para jantar ou almoçar na casa de amigos, não há muita chance de usar roupas elegantes. Existem, claro, as festas do tipo bonnenkai e shinenkai. Mas como essas acontecem logo depois de expediente do trabalho, não há oportunidade de se trocar de roupa.
As mulheres japonesas compram um montão de roupas elegantes. E elas se vestem para ir trabalhar da mesma forma que uma brasileira veste uma “domingueira" para ir a uma festa ou jantar formal. Assim, o trabalho de escritório provê a oportunidade para as mulheres japonesas se enfeitarem. Diferente das brasileiras, que vão trabalhar de jeans, mesmo no Brasil.Enquanto no Japão a mulherada calça sapatos altos para ir trabalhar e troca os sapatos por confortáveis chinelos ao chegar no escritório, as brasileiras fazem exatamente o contrário: calçam tênis para ir trabalhar e os trocam por sapatos mais elegantes no local de trabalho. As mulheres japonesas talvez imaginam que as chances de fisgar alguém durante o percurso até o trabalho são maiores que no escritório.
Mas já ouvi dizer que as japonesas se vestem bem para impressionar outras mulheres, e não homens. Isto também é diferente das brasileiras, que se vestem bem para atrair o sexo oposto. Mesmo que elas não estejam "no mercado" à procura de um namorado ou marido.
O auto-embelezamento tupiniquim - tanto o masculino como o feminino - é uma face dos intrínsecos rituais sociais e de conquista no campo amoroso. Nesta área, o Japão perde feio para o Brasil ou outros países, a julgar pelo número ainda grande de omiai - os casamentos arranjados - que ainda acontecem mesmo nos dias de hoje.
Assim, vestir-se elegantemente aqui não parece ter o propósito único de atrair o sexo oposto, mas sim o de mostrar status, condição social ou profissional. Para tal propósito, fazem uso de roupas e itens de marcas famosas que podem ser facilmente avaliados devido ao seu valor monetário. Porém, posso estar errado. Na natureza, por exemplo, a maioria dos insetos, aves e animais exibem cores vibrantes para atrair o seu par. E os seres humanos, afinal de contas, são parte da natureza.
(*) Crônica de Levi F. Araújo publicada na coluna Nipponderando do jornal Nova Visão do Japão
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