Nippon... derando

Monday, September 04, 2006

O sonho destruído (*)

As esperanças do Japão de alcançar as finais da Copa do Mundo de futebol pela primeira vez se esvaíram na última sexta-feira, quando a seleção do Iraque empatou a partida nos últimos segundos de jogo deixando todo mundo mudo e chocado.

Os japoneses tinham que vencer o Iraque para terem certeza de uma colocação no torneio que é disputado a cada quatro anos, e o qual será jogado em nove cidades dos Estados Unidos no ano que vem nos dias 17 de junho a 17 de julho.

Quando o iraquiano Jaffar Omran, que entrou no jogo em substituição a outro jogador, cabeceou a bola no canto superior direito do goleiro japonês Matsunaga, empatando o jogo em Doha, foi como se o som do satélite responsável pela transmissão da partida tivesse sido cortado. No instante em que a bola atingiu a rede, os jogadores do Japão sabiam que o sonho tinha acabado naquele exato momento. O choque visível e a incredulidade estampadas em seus rostos eram prova do sofrimento pelo qual aqueles atletas estavam passando naqueles instantes fatídicos.

Talvez o maior sofredor tenha sido Ramos, um dos jogadores mais combatentes e peça-chave no esquema tático do treinador da Seleção Japonesa. Ramos, brasileiro naturalizado japonês, sabia que essa era a sua última oportunidade de disputar uma Copa do Mundo, pois, em breve irá se aposentar do futebol.

As lágrimas e a prostração emocional foram transportadas para dentro dos lares e bares em todo o país, onde incontáveis fãs tinham se reunido para improvisar as festas de comemoração pela classificação. Peritos e repórteres esportivos de estúdio ficaram de
repente sem nada para comentar, inconscientes pelas imagens contínuas que chegavam como chicotadas de Doha, açoitando os japoneses. Nenhum deles encontra palavras para amaciar o choque.

Na sexta-feira, a nação acordou com um humor amargo de ressaca. Apesar do choque da derrota em Doha, as autoridades do futebol japonês mostraram uma cara corajosa, insistindo que vão continuar com os esforços para tentar conquistar o direito de sediar a Copa do Mundo do ano de 2002.

(*) Texto de Levi F. Araújo publicado originalmente no jornal Folha Mundial como editorial do dia 07 de novembro de 1993.

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