Ora, direis, ver flores... (*)
O desabrochar das flores de cerejeiras (sakura) assinala o fim do rigoroso inverno no Japão, e é ansiosamente aguardado pelos japoneses. Estes, em geral, ficam emocionados pela fragilidade e efemeridade das flores, que caem pelo chão poucos dias depois de florescerem. Toda vez que sopra uma leve brisa, uma chuva de pétalas é produzida.
O evento tem servido, já por muito tempo, de tema para numerosas obras literárias, trabalhos de pinturas e até números musicais e de dança. Os japoneses gostam das flores de cerejeira porque o formato e a cor das pétalas refletem as noções de ideal do povo em relação à pureza e simplicidade.
O povo japonês comemora o florescer das sakura indo a parques e promovendo piqueniques sob as árvores. O hábito de sair de casa com a família e amigos para realizar o hanami (literalmente, “observar flores”) vem desde tempos antigos, quando os poetas se sentavam sob as árvores para compor poemas e cantar. No entanto, os hábitos modernos do hanami não são tão refinados como os que se verificava no passado.
Hanami, hoje em dia, é sinônimo de farra. Há aqueles que até realizam uma verdadeira churrascada regada a muito saquê e cerveja, com direito a um barulhento karaoke. O hanami é apenas a desculpa para beber e bagunçar.
Alguns hanamieiros encharcados de álcool se excedem e chegam a tirar a roupa em público, ficando só de cueca enquanto cantam e dançam. Aí a polícia tem de intervir. Como conseqüência dos litros de cerveja ingeridos, não é raro, nessas ocasiões, ver muitos homens fazendo xixi ao pé das árvores sem o menor pudor ou receio de serem vistos pelas mulheres e crianças que estão a sua volta.
Portanto, quando for convidado para uma “hanami paati”, não espere ver alguém examinando cuidadosamente e bem de pertinho a beleza de uma flor desabrochando. Muitos daqueles que o convidarem provavelmente ficarão num estupor etílico tão grande que acabarão por se esparramar num lençol de plástico forrado sobre a grama rodeados de latas vazias de cerveja, garrafas quebradas de saquê e... restos de yakisoba.
(*) Crônica de Levi F. Araújo publicada na coluna Nipponderando do jornal Nova Visão do Japão do dia 12 de abril de 1998.
O desabrochar das flores de cerejeiras (sakura) assinala o fim do rigoroso inverno no Japão, e é ansiosamente aguardado pelos japoneses. Estes, em geral, ficam emocionados pela fragilidade e efemeridade das flores, que caem pelo chão poucos dias depois de florescerem. Toda vez que sopra uma leve brisa, uma chuva de pétalas é produzida.
O evento tem servido, já por muito tempo, de tema para numerosas obras literárias, trabalhos de pinturas e até números musicais e de dança. Os japoneses gostam das flores de cerejeira porque o formato e a cor das pétalas refletem as noções de ideal do povo em relação à pureza e simplicidade.
O povo japonês comemora o florescer das sakura indo a parques e promovendo piqueniques sob as árvores. O hábito de sair de casa com a família e amigos para realizar o hanami (literalmente, “observar flores”) vem desde tempos antigos, quando os poetas se sentavam sob as árvores para compor poemas e cantar. No entanto, os hábitos modernos do hanami não são tão refinados como os que se verificava no passado.
Hanami, hoje em dia, é sinônimo de farra. Há aqueles que até realizam uma verdadeira churrascada regada a muito saquê e cerveja, com direito a um barulhento karaoke. O hanami é apenas a desculpa para beber e bagunçar.
Alguns hanamieiros encharcados de álcool se excedem e chegam a tirar a roupa em público, ficando só de cueca enquanto cantam e dançam. Aí a polícia tem de intervir. Como conseqüência dos litros de cerveja ingeridos, não é raro, nessas ocasiões, ver muitos homens fazendo xixi ao pé das árvores sem o menor pudor ou receio de serem vistos pelas mulheres e crianças que estão a sua volta.
Portanto, quando for convidado para uma “hanami paati”, não espere ver alguém examinando cuidadosamente e bem de pertinho a beleza de uma flor desabrochando. Muitos daqueles que o convidarem provavelmente ficarão num estupor etílico tão grande que acabarão por se esparramar num lençol de plástico forrado sobre a grama rodeados de latas vazias de cerveja, garrafas quebradas de saquê e... restos de yakisoba.
(*) Crônica de Levi F. Araújo publicada na coluna Nipponderando do jornal Nova Visão do Japão do dia 12 de abril de 1998.
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